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A Formulação da Teoria

A Cor e a Forma

Segundo Kandinsky, numa primeira análise, “do ponto de vista estritamente físico”, conclui-se que o olho sente de imediato a cor. O olhar é seduzido imediatamente pela beleza da cor e “a alegria penetra a alma do espectador”; mas logo a alegria desvanece, pois é resultado de uma sensação física, logo de curta duração. Ao ser desviado da cor, o olhar já não a reconhece e a ação física da cor desaparece. Mas o vislumbre das cores também pode provocar impressões psíquicas que nos remetem para sensações distintas.

 

“As cores claras atraem o olhar e retêm-no. As claras e as quentes fixam-no ainda com mais intensidade; tal como a chama que atrai o homem com um poder irresistível, também o vermelhão atrai e irrita o olhar. O amarelo-limão vivo fere os olhos. A vista não o suporta. Dir-se-ia um ouvido dilacerado pelo som estridente de uma trombeta. O olhar pestaneja e abandona-se às calmas profundezas do azul e do verde. ”

 

Um aperfeiçoamento a respeito da linguagem das formas e cores se faz necessária para uma compreensão mais ampla da relação entre a cor e espiritualidade humana. De acordo com essa vertente podemos constatar que a pintura recorre à cor e forma para atingir seus objetivos. “Só a forma, enquanto representação do objeto (real ou não real), enquanto delimitação puramente abstrata de um espaço, de uma superfície, pode existir por si mesma.”

 

Pode-se afirmar de certa forma que a cor funciona por associação, dado que o vermelho nos pode desencadear uma sensação interior semelhante à chama, uma sensação quente e excitante, visto que é a sua cor. A partir daí já se pode identificar os pontos em que a sinestesia está presente nas ideias estéticas de Kandinsky.

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