Análise Sinestésica
Composição IV
Composta de uma enorme quantidade de cores intensas e linhas que mostram dinamismo, composição é um quadro dividido por duas linhas verticais que se encontram no centro da tela, sugerindo a existência de dois quadros diferentes, à esquerda as linhas são cruzadas de forma violenta e volumosa enquanto na direita há a predominância de cores compostas de modo que haja uma harmonia das formas.
Ainda que à primeira vista a obra pareça ser totalmente abstrata e apelativa aos sentidos, os dois traços do meio do quadro foram inseridos para ilustrar armas seguras por Cossacos, próximo a uma montanha azul com um castelo em seu topo.
Portanto para uma maior apropriação da obra deve notar tanto o lado emocional aberto a interpretações pessoais, tal como sua devida percepção intelectual: “Luta dos sons, equilíbrio perdido, princípio vencido, o rufar inopinado dos tambores, grandes interrogações, aspirações sem objetivo visível, impulsos aparentemente incoerentes, cadeias quebradas, laços desfeitos e atados num único laço, contrastes e contradições, é esta a nossa harmonia”.
Composição IV
1911
Óleo sobre tela
159.5 × 250.5
Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen
Dusseldorf, Alemanha
Impressão III (Concerto)
Em 1911, Kandinsky e outros membros da Neue Künstlervereinigung München assistiram a um concerto com obras de Arnold Schoenberg. A partir de então houve um aprofundamento por parte de Kandinsky pelas teorias do músico, no qual iniciou uma correspondência em sua impressão na pintura III (Konzert).
Ao usar o termo impressão, Kandinsky delimitou seu significado para a descrição de sensações que refletem uma impressão direta da natureza externa. Esboços de Impression III (Konzert) indicam que Kandinsky retratou sua impressão geral de um desempenho musical que possui suas origens na intensa experiência do concerto.
A grande mancha negra na parte superior central da pintura reconhece-se como um grande piano de cauda que flutua, enquanto uma mancha amarela disforme percorre seu entorno surgindo no primeiro plano como a chave do som ou a música que envolve profundamente os ouvintes, que por sua vez são representados por traços de cor e linha em formato de gancho, com o público se atraindo pela dinâmica do formulário preto. Kandinsky dessa forma utilizou sutis sinais concretos para relatar sua experiência diante da música.
Impressão III (Concerto)
1911
Óleo em tela
77.5 × 100.0
Stadtische Galerie in Lenbach
Munique, Alemanha
Improvisação nº19
Em Improvisação n°19 de Wassily Kandinsky, há uma riqueza de tons e cores consideráveis, há um arco grosseiro de cores escarlate, amarelo, laranja, carmesim, verde e branco que desponta para baixo em uma mistura entre as cores violetas, púrpuras e azuis vibrantes que alternam entre o pálido e escuro. Essa passagem inferior é sutil e rápida. Um espectro de cores se espalha para ocupar momentaneamente o retângulo promovendo um caos atmosférico. Ao contrário dos dois anteriores, o título desse quadro sugere que a obra foi executada em momento de grande inspiração do artista sem a ligação com eventos externos.
Os variados azuis e púrpuras são uma composição do espaço profundo do cenário da tela, sugerindo até mesmo uma analogia visual de um acorde musical (o título alternativo para essa pintura era Som Azul). No quadro vemos misteriosas figuras transparentes aparentando serem monges à direita e na parte inferior esquerda da pintura, e as formas incomuns postas no alto à esquerda e desenhado em branco que podem sugerir os domos em forma de cebola de um mosteiro ortodoxo ou da catedral de São Basílio de Moscou. Essas figuras humanas alongadas, cavalos e cavaleiros, colinas e vales, igrejas e castelos, lanças e canhões, arco-íris e nuvens de tempestade tem associações subliminares com os propósitos relatórios das pinturas desse período.
Olhando novamente para Improvisação nº 19 podemos ficar impressionados com o espaço profundo criado pelos variados azuis e púrpuras (“Como ecos prolongados que se confundem ao longe”); podemos até vê-los como uma analogia visual de um acorde musical plangente (o título alternativo de Kandinsky para essa pintura era Som Azul); podemos ficar encantados de uma maneira difícil de descrever com palavras, assim como ficamos pela música. Notamos também as misteriosas figuras transparentes, como personnages que parecem monges, à direita e na parte inferior esquerda da pintura, e as formas estranhas, desenhadas em branco, no alto à esquerda, que podem sugerir os domos em forma de cebola de um mosteiro ortodoxo ou da Catedral de São Basílio em Moscou. Essas figuras tais como arco-íris, nuvens de tempestade dentre outros têm associações subliminares com os propósitos revelatórios das pinturas desse período. Muitas delas são intituladas - O dilúvio, O juízo final, Todos os santos - que se referem explicitamente a temas proféticos e apocalípticos.
As Improvisações, cujo o número ultrapassa 35 entre 1909 e 1914, foram o resultado, nas próprias palavras de Kandinsky, de “expressão basicamente inconsciente, espontânea, de um impulso interior”.
Improvisação Nº 19
1911
Óleo sobre tela
120 x 141,5
Stadtische Galerie in Lenbach
Munique, Alemanha