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Pintura e Música

O paralelo existente entre pintura e música sempre atraiu Kandinsky, dentre vários outros artistas, compositores e escritores no início do século XIX e início do XX “Toda arte aspira à condição da música” escreveu o crítico inglês Walter Pater. A música é a arte mais puramente abstrata, que atinge ao mesmo tempo a linguagem sensorial e emotiva do indivíduo, tanto que Kandinsky deixa claro sua ambição de incorporar a pintura à não materialidade da música segundo sua influência por Schoemberg. De acordo com Kandinsky a música contém a chave para o ritmo na pintura, para as construções abstratas e matemáticas, notas de cores repetidas, cores em movimento, além do que suas descrições das cores são pautadas em termos musicais ‘Um azul claro é como a flauta; um azul um pouco mais escuro, é um cello; mais escuro ainda torna-se um retumbante contrabaixo; e o azul escuro de todos, o órgão’. Na busca sinestésica pelo movimento e pelo som de suas cores, escreveu várias peças para palco, que envolviam música e atores vestindo tons, conforme as suas diferentes criações, como O som Amarelo, O som Verde, Preto e Branco e Violeta - todas escritas entre 1909 e 1912, o período de transição à abstração.

 

Sua concepção vem da ideia de que nossos diferentes sentidos respondem de uma determinada maneira a estímulos particulares – gostos, sons e cores. Ligada a essa crença de sinestesia há a concepção de que cada sensação é também um aspecto da realidade, uma realidade transcendental que Kandinsky dominava.

Kandinsky acreditava que a pintura, como a música, deveria exprimir a “vida interior” do artista, os mais profundos sentimentos e intuições.

 

Durante os anos de 1910 a 1914, produziu pinturas que via como correspondentes às formas de música (ele fazia distinção entre Impressões, Improvisações e Composições), Kandinsky continuava inseguro sobre se era possível fazer uma arte que excluísse toda referência ao mundo natural. Por um lado, a cor é associativa por si mesma; por outro, imagens puramente abstratas podem ser “meramente decoração, adequadas para gravatas e tapetes”. Ele sentia que levaria tempo para que o público fosse capaz de reagir espiritualmente à “harmonia interior da verdadeira composição da cor e da forma”.

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